Das ruas ao tatame: Rafaela Silva, um diamante lapidado com pés no chão

Das ruas ao tatame: Rafaela Silva, um diamante lapidado com pés no chão

09/08/2016 - 07:32

Naquele tempo ter chinelos era luxo. Para quem tinha um par, abrir mão dele para poder brincar descalça representava o risco real de voltar para casa com os pés no chão. Rafaela, moradora nova, virou vítima das circunstâncias. Passou um mês chorando para o pai, pedindo outras sandálias. A culpa não era dela! Os meninos da rua que a tinham roubado! Quando finalmente venceu Seu Luiz Carlos pelo cansaço, mal teve chance de aproveitar. Ficou de novo sem calçado. Apanhou em casa. E aprendeu na marra uma lição que moldaria sua personalidade.

– Eu gostava de soltar pipa, jogar bola… e eles roubavam minha linha, meu chinelo… Eu fiquei um mês inteiro chorando. Meu pai falou que era caro e não podia me dar. Fui chorando, chorando, ele deixou de comprar coisas para a casa, foi e me deu o chinelo novo. No mesmo dia fui brincar de pique-esconde e o levaram. Cheguei em casa, tomei uma surra. Aí aprendi a ser esperta aqui na rua também para sobreviver.

A necessidade de se impor fez de Rafaela Silva uma lutadora ainda criança. A agressividade aflorada nas brigas pela vizinhança foi disciplinada através do judô, e a menina que superou a pobreza em uma das comunidades mais violentas do Rio de Janeiro tornou-se campeã olímpica. Das ruas para o tatame, da Cidade de Deus para o mundo, um talento natural tão latente que resiste mesmo diante de uma postura considerada um tanto displicente para um atleta de elite.

Rafaela personifica extremos. Vai do pior ao melhor exemplo para os aprendizes do polo de Jacarepaguá do Projeto Reação, onde foi revelada – sendo descuidada com a alimentação e preguiçosa em relação aos treinos, mas tida como maior símbolo de sucesso de uma população marcada pela falta de perspectivas e estigmatizada pelas telas de cinema. A medalha conquistada nesta segunda (única que faltava no currículo da carioca), no tatame da Arena Carioca 2, a transforma em heroína não apenas da comunidade, mas também de um país inteiro.

No caminho rumo ao pódio, a peso-leve (até 57kg) não deu chances para suas três primeiras adversárias. A semifinal contra a romena Corina Caprioriu foi cheia de emoção, e a brasileira levou a torcida à loucura com um wazari, já no golden score (morte súbita). A medalha dourada veio na vitória contra Sumiya Dorjsuren, da Mangólia.

 

DA BRIGA DE RUA À DISCIPLINA DO TATAME

Seu Luiz e Dona Zenilda trabalhavam fora. Ele era entregador de pizza, ela vendia botijões de gás. Com duas filhas pequenas e arteiras, procuraram ajuda na associação de moradores para mantê-las ocupadas. Com uma lista de atividades em mãos, apresentaram as opções para as meninas. Raquel, a mais velha, quis fazer dança. Rafaela escolheu o futebol.

O interesse da primogênita pelas artes se esvaiu quando viu o nível da turma. Todos estavam muito avançados. A caçula não pôde mostrar sua habilidade com a bola nos pés porque havia times apenas para meninos. Assim, as duas foram conhecer um tal de judô, marcado como segunda opção. Sabiam que era uma luta e, acostumadas a encararem uma boa briga tanto na escola quanto na rua, acharam que ali poderiam se dar bem. Mas não tinham real noção do mundo que poderia se abrir, de quão longe poderiam ir.

Rafaela só passou a levar o esporte mais a sério quando a irmã, aos 14 anos, foi convocada para uma competição na Bolívia. Ela queria fazer como a mais velha, também queria viajar, rodar o mundo. Mesmo com apenas 11 anos, já sabia que era boa. Vencia todas as adversárias tão rápido que podia até brincar entre uma luta e outra na competição. Ouviu de Geraldo que seria preciso mudar.

Quando Raquel se viu grávida ainda na adolescência, Rafaela assumiu o protagonismo. Com a irmã, até então mais bem-sucedida, de resguardo – depois da maternidade uma série de lesões complicaria a carreira da primogênita -, a caçula foi obrigada a crescer. Em casa, quando o pai não estava, era ela que carregava nas costas os botijões de gás para ajudar a mãe. Nos treinos era chamada a atenção a todo o instante. Mesmo que fosse superior a todas as colegas, ela sempre tinha o que melhorar. Não bastava ser boa. Estava sendo lapidada para tornar-se a melhor do mundo.

Enquanto o filme Cidade de Deus tornava-se um sucesso mundo afora, com quatro indicações para o Oscar, a família Silva vivia a violenta realidade da região. Mesmo não morando mais dentro da CDD, visitavam com frequência os familiares que seguiram na comunidade. As meninas perderam a conta de quantas vezes encerraram as brincadeiras na rua devido ao início de algum tiroteio. Durante um período, uma boca de fumo instalou-se ao lado da casa da avó. Era comum ver policiais e bandidos trocando tiros por horas.

 

– A gente sabia que era perigoso, mas como a gente vivia naquele meio, via os caras armados, vendendo, tudo era normal. A gente não se assustava. Quando tinha tiroteio, todo mundo saia correndo desesperadamente, mas era algo que acontecia no dia a dia – lembrou Raquel.

– Quando a gente ia visitar a família do meu pai, era bem violento. A gente via droga, arma. Tem uns dois anos, vindo da festa de 15 anos da minha prima, tem uma parte lá na CDD em que as ruas são bem estreitas. Entrei, tinham uns meninos vendendo droga na esquina. Passei com o carro, vidro fechado, e um menino falou “Ih, é um carro desse que eu vou roubar para mim quando eu crescer”. Fiquei desesperada – contou Rafaela.

Felizmente a criminalidade não gerou nenhum dano mais grave à família das judocas. Não houve perdas, nenhum grande trauma. Só lembranças bem vivas sobre uma vida que não queriam para si: haviam sido educadas desde cedo para diferenciarem o certo do errado, e o judô só ratificara os valores passados pelos pais.

Conforme a vida de atleta de Rafaela e Raquel foi tomando forma, os títulos se acumularam e os patrocínios surgiram, a vida da família melhorou exponencialmente. A rotina de luta, tanto das meninas quanto dos pais, no entanto, seguiu quase inalterada.

Seu Luiz e Dona Zenilda ainda trabalham duro. O pai recebeu uma Kombi de presente e hoje faz fretes a um preço médio de R$ 150 reais. A mãe agora tem uma vendinha e oferece aos moradores da região todo tipo de produto: dos mesmos botijões de gás que vendeu em tempos de vacas magras a alimentos e peças de moda íntima feminina.

A casa da família, no bairro da Freguesia, Zona Oeste do Rio, antes contava com apenas um quarto, dividido entre pais e filhas. Hoje tem um segundo andar, com outro banheiro e três dormitórios. Rafaela não mora mais lá, vive sozinha em um apartamento no Méier e tem um carro de dar inveja aos vizinhos. Mas na parede da casa em que passou a maior parte da vida, logo à direita da porta de entrada, estão dois dos símbolos de suas maiores conquistas: diplomas reconhecendo o mérito pelos ouros conquistados no Mundial júnior de 2008 e no Mundial sênior de 2013.
Os dois quadros, emoldurados com orgulho em algum momento do passado, estavam cobertos por teias de aranha no dia em que o GloboEsporte.com visitou a residência. Mais um dos tantos contrastes que permeiam a vida da primeira mulher brasileira campeã do mundo no judô.

 

DESCLASSIFICAÇÃO, RACISMO E DEPRESSÃO

Na caminhada rumo ao mais importante título de sua carreira, Rafaela passou por várias decepções. Pequenas, médias e grandes. Até chegar à seleção brasileira principal, a menina da CDD sobrava diante das adversárias da mesma idade e do mesmo peso. Mas as grandes competições costumavam render surpresas desagradáveis. Duas semanas antes de um Pan-Americano de judô, quebrou o braço. Em um Brasileiro, foi desclassificada ao aplicar um golpe com uma entrada com o pescoço no chão. E aí vieram as Olimpíadas.

Representante do Brasil na categoria até 57kg, a carioca chegou a Londres 2012 como vice-campeã mundial e quarta colocada no ranking. Era a primeira vez na história que o país classificava a equipe completa com 14 atletas, e Rafaela estava entre as apostas de medalhistas da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Ela tinha o status de quem havia desbancado Ketleyn Quadros, única mulher medalhista olímpica do Brasil na história da modalidade.

Na estreia, vitória sobre a alemã Miryam Roper por dois yukos. Uma das favoritas, a portuguesa Telma Monteiro, já havia sido eliminada. Pela frente, nas oitavas, o duelo seria com a húngara Hedvig Karakas. Estava tudo correndo bem até a brasileira usar um Kata Otoshi, técnica conhecida como catada de pernas, para conseguir um wazari. Na revisão em vídeo, a arbitragem não só retirou a pontuação como desclassificou Rafaela. Em questão de segundos o mundo dela desmoronou.

A reação imediata foi o choro, o desespero. Abraçou a técnica Rosicleia Campos e chorou ainda mais. Ninguém sabia como consolá-la no ginásio. Quando finalmente chegou ao hotel e achou que teria conforto nas palavras das pessoas amadas, centenas de notificações em suas redes sociais chamaram atenção. Rafaela abriu o Twitter e se revoltou. Pela internet, havia recebido todo tipo de crítica e insultos racistas.

– Tinha que lugar de macaco era na jaula, e não nas Olimpíadas, que eu era vergonha para a minha família. Tinha um comentário (dizendo) que eu estava gastando o dinheiro que a pessoa pagava de imposto para querer ganhar roubando. Respondi que eu pagava imposto também. (…) Da maneira que eu perdi já tinha doído bastante. Eu estava indignada, só queria minha família. Achei que ia ter incentivo, mas estava todo mundo me criticando.

Rafaela não deixou barato. Respondeu às postagens mais ofensivas. Não demorou muito para que a reação se tornasse conhecida por jornalistas e pela CBJ. Por orientação da entidade, a judoca passou todas as redes sociais de públicas para privadas e ficou reclusa. Um representante do Ministério do Esporte em Londres chegou a sugerir que os responsáveis fossem processados, mas nenhuma ação foi adiante.

De qualquer forma, o dano maior já estava feito. Ver quatro anos de preparação irem por água abaixo na segunda luta foi um golpe duro demais para uma menina de 20 anos assimilar. Assim que voltou ao Brasil, a depressão bateu forte. Foram praticamente dois meses sem pisar em um tatame. A rotina de Rafaela se alternava em dirigir sem rumo ou passar horas jogada no sofá da casa dos pais.

 

Rafaela só ficava deitada vendo televisão. Minha mãe fazia comida que ela gostava para ver se ela se animava. Às vezes ela estava vendo televisão, eu olhava e via que ela estava era chorando sozinha. Só queria ficar dentro de casa, não queria fazer nada – lembra com tristeza a irmã Raquel.

Este período sabático fez Geraldo temer pela primeira vez que o esporte perdesse Rafaela.

– Tive medo depois de Londres. Ela foi muito hostilizada, sofreu racismo, e naquele instinto de defesa que ela sempre teve ela respondeu aos comentários, brigou. Depois que ela voltou, ficou com medo de sair na rua e ser hostilizada também. Foi um trabalho enorme para que ela não desistisse. Ela voltou a se animar depois de iniciado o trabalho com a coach. Mas sempre falamos: não importa quantas vezes você cai, mas sim quantas vezes você se levanta.

Os rumos só foram retomados graças ao trabalho de Alessandra Salgado, contratada pelo Reação para trabalhar o lado psicológico dos atletas. Foi um recomeço completo. Aproveitando a leva de mudanças, a CBJ tentou promover uma subida de Rafaela para a categoria até 63kg. Seria uma forma de resolver duas questões de uma vez: a carioca costumava ter dificuldades para bater o peso em que competia e seria uma aposta para cobrir uma faixa em que o Brasil não conquistava muitos resultados expressivos.

Como o tempo parada rendeu efeitos na balança, a transição foi tolerada em um primeiro momento. Mas, assim que recuperou a forma, a brasileira quis voltar a competir entre atletas até 57kg, onde conhecia as adversárias e era respeitada. Bateu o pé firme e impôs esta condição para sua ida ao Pan-Americano de judô de San José. Foi atendida e fez por onde. Sagrou-se campeã.

Rafaela competiria ainda duas vezes na Rússia, em Tyumen e Moscou, antes de voltar ao Rio de Janeiro. Era a segunda vez que a cidade recebia um campeonato mundial do esporte, cenário perfeito para a redenção que a carioca perseguia. Foram cinco lutas e cinco vitórias. Na última, decisiva, uma ironia do destino.

A arbitragem assinalou um wazari, e o golpe foi analisado pela mesa. No ano anterior, cena parecida se revertera na eliminação da brasileira das Olimpíadas. Desta vez, a mudança seria para melhor. Subiram a pontuação para um ippon, selando o fim do combate e a conquista do título. O choro mais uma vez era abundante, acompanhado por soluço. Só que ali, no Maracanãzinho, as lágrimas eram de alegria. De um alívio descomunal, de orgulho por se tornar a primeira mulher do país a se sagrar campeã do mundo no judô.

– Tomei aquele episódio de Londres como motivação sim. Foi muito difícil, e eu não queria nunca mais sentir aquilo. E eu consegui, né. Eu fui campeã mundial. Foi engraçado que depois veio gente me dizer que me criticou em 2012 e agora estava ali para me aplaudir.

O CAMINHO ATÉ A MEDALHA, O MELHOR E O PIOR EXEMPLO

Nos dois últimos mundiais, em Chelyabinsk e Astana, Rafaela não conseguiu repetir o feito. Na Rússia viu a chance do ouro cair por terra em uma luta polêmica nas quartas, se recuperou na repescagem, mas viu o bronze escapar ao receber uma punição no golden score. No Cazaquistão, a carioca perdeu logo na estreia para a canadense Catherine Beauchemin-Pinhard, sua algoz também nas semifinais dos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015, disputados um mês antes. Vítima de um estrangulamento nos segundos finais, a brasileira ficou desnorteada e recebeu atendimento médico ainda no tatame.

A má colocação na competição deste ano e a participação em poucos torneios fez com que a campeã despencasse no ranking mundial para a 16ª colocação. Nada que preocupe a CBJ, já que a estratégia para a temporada era competir menos e focar mais nos treinamentos. Algo que Rafaela odeia e não faz a menor questão de esconder.
A judoca honra os compromissos, mas se tem alguma desculpa minimamente aceitável para ser dispensada, não desperdiça a chance. Até o início de 2015, a carioca não fazia sequer um treino físico específico. Se limitava a trabalhar a técnica no tatame.

Rafaela costuma dizer que, quanto mais treina, menos ganha. E, coincidência ou não, as estatísticas respaldam esta teoria. Geraldo se rende ao talento da carioca e encara esta postura com relativo bom humor.

– Ela tem uma crendice na cabeça dela que quando treina muito ela não ganha nada. Sempre treinou o razoável, nunca foi uma atleta de treinar muito. Agora até por uma questão de não estar se dando muito bem nas competições e a confederação ter traçado um programa de treinamento para todos os atletas olímpicos. Coube a todos os profissionais ficarem em cima dela. Mas ela diz: “Viu, estou treinando muito, mas não está saindo nada” – conta o mentor.

Além de testar a paciência dos treinadores, este tipo de atitude gera situações delicadas. No Reação, os jovens talentos se espelham na maior campeã que conhecem. E, muitas vezes, não compreendem por que precisam se esforçar tanto como lhes é pedido.

– Estou sempre reclamando. Eu sempre falei que tem que descansar, que treino demais é estressante. Falava que não ia treinar, aí ganhava. Comecei a treinar e comecei a perder na primeira luta. Aí falei “Pô, professor, acho que vou ter que tirar umas férias”. Quando eu não treinava, fui vice-campeã mundial, campeã mundial júnior, campeã mundial… Comecei a treinar, e nada. Odeio treino de chão, odeio treino físico. A única coisa de que eu gosto é competir.(…) A coach fala na palestra: “Vocês acham que vão ganhar o que sem treinar? Tem que treinar!”. E as criancinhas falam: “Mas a Rafaela não treina!”, e eles falam “Esquece, porque ali é outro caso” – conta rindo a atleta olímpica.

A falta de regras se estende à alimentação. Na semana em que receberam o GloboEsporte.com, as irmãs Silva estavam de dieta para bater peso. Raquel abriu mão do lanche farto comprado pela mãe para cozinhar uma sopa à base de legumes. Rafaela prefere ficar de barriga vazia a fazer refeições saudáveis.

– A nutricionista fica maluca comigo porque não como. Só como pizza, hambúrguer, Outback. Quando tenho que perder peso continuo comendo besteira. Só que pela metade. Prefiro passar fome.

Engana-se, porém, quem crê que a aparente falta de afinco na preparação seja reflexo de pouca gana por vencer. Neste quesito Rafaela continua faminta. Depois de provar a glória em 2013, acredita que a cidade em que nasceu pode mais uma vez consagrá-la.

Para cumprir a meta de figurar no top 10 do quadro de medalhas, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) deposita grandes esperanças em uma significativa contribuição do judô. E a CBJ, por sua vez, tinha em Rafaela um dos expoentes da atual seleção brasileira. No caminho rumo ao inédito pódio, a campeã mundial não pretendia decepcionar ninguém. Muito menos ela mesma.

Gestor técnico de alto rendimento da CBJ, Ney Wilson reconhecia que Rafaela não tinha a postura mais exemplar da seleção, mas via evolução no comportamento em relação aos treinos e à alimentação. Para o dirigente, a equação rumo ao sucesso em 2016 não tinha mistério: bastava mostrar à campeã mundial o que a tornaria mais vencedora.
– A crendice dos treinos foi sendo desconstruída ao longo do tempo. Ela treinou menos em 2013 por conta da mudança de categoria, mas quando tentou repetir não teve sucesso. Foi preciso repensar o que tinha que fazer. Ela é uma atleta que é movida a competição, a ganhar. Quando você começa a mostrar para ela que é o melhor caminho e vai dar resultado, ela experimenta e acaba tendo sucesso de alguma forma, você a convence. Do contrário, se disser que é bom só porque é bom, vai entrar por um ouvido e sair pelo outro. Mas quando altera o resultado… Ela é muito competitiva. A vaidade dela é ser campeã, e o maior convencimento é a performance.

E assim, a profecia se cumpriu e Rafela Silva deixou a Arena Carioca 2, carregando uma medalha no peito. Mais campeã, mais vencedora.

Fonte: cidade verde