Cerca de 90 mil doadores estão cadastrados no banco de medula óssea

Cerca de 90 mil doadores estão cadastrados no banco de medula óssea

19/09/2016 - 09:00

Atualmente, cerca de 90 mil pessoas estão cadastradas no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) no Piauí, no total são mais de 4 milhões de doadores cadastrados no mundo todo. O número de doadores no Piauí ainda é pequeno, pois a probabilidade de encontrar um doador compatível fora da família é de, em média, apenas uma a cada 100 mil pessoas, já dentro do grupo familiar a chance é de 25%. O transplante de medula óssea é indicado para pacientes que apresentam doenças relacionadas com a fabricação de células do sangue e com deficiências no sistema imunológico. 


Para doar, a pessoa interessada deve se dirigir ao Centro de Hematologia do Estado do Piauí (Hemopi) e informar que deseja se tornar doador de medula óssea. Após preencher um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e uma ficha com informações pessoais, será retirada uma quantidade de 10ml de sangue do candidato a doador, que passará por um exame de histocompatibilidade (HLA) para verificar as características genéticas do doador e as cruzar com dados de pacientes que precisam de transplante, para que seja verificada a compatibilidade. “Quando for constatada a compatibilidade, nós convocamos a pessoa para fazer a comprovação e ver como está o estado de saúde do doador no momento. A doação não é feita no Piauí, o doador é enviado para outro estado e pode fazer a doação em qualquer um dos centros que existem no Brasil, porque nós não temos centro de transplante de medula óssea no Piauí”, explica Gilkely Medeiros, supervisora do Redome no Piauí. 
Médula óssea e espinhal 
Está apta a ser doadora de medula óssea, qualquer pessoa com idade entre 18 e 55 anos de idade, que não apresente nenhuma doença infectocontagiosa ou incapacitante, ou ainda pessoas que não possuem câncer, doenças no sangue ou no sistema imunológico. O transplante de medula óssea é uma modalidade de tratamento indicada para pacientes com leucemias originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas), entre outras. 
Segundo a supervisora do Redome no Piauí muitas pessoas confundem a medula óssea com a medula espinhal, localizada na coluna vertebral, e que é importante esclarecer que todo o procedimento de doação é feito com a preocupação de minimizar o desconforto físico para o doador. “A doação pode ser feita de duas formas, pode ser por aférese, em que esse doador vai tomar uma medicação por cinco dias, para estimular as células da medula óssea a irem para a corrente sanguínea, e então fazer a separação pelo método de aférese, que é uma máquina que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. A segunda forma é por meio de uma punção no osso da bacia, dessa forma o paciente vai para o centro cirúrgico e recebe a anestesia para não sentir dor, o paciente está liberado 24 horas após o procedimento”, revela 
Encontro do doador com o paciente só é possível um ano após transplante 
Breno Rafael, de 4 anos e 9 meses, fez um transplante de medula óssea em 2014. Diagnosticado com leucemia aos nove meses de idade, Breno esperou um ano e quatro meses por um doador compatível. “Ele foi diagnosticado com leucemia em 2012, mas só conseguimos fazer o transplante em janeiro de 2014. A gente fez várias campanhas para incentivar as pessoas a se cadastrarem no banco de medula óssea, muitas pessoas se sensibilizarem e se cadastraram, mas o doador dele foi encontrado no Rio de Janeiro. O transplante foi feito em Natal, no Rio Grande do Norte, e foi muito complicado, não o procedimento em si, mas depois ele teve algumas rejeições, então nós tivemos que ficar um ano em Natal com ele, mas agora está tudo bem”, conta a mãe Rosineide Rodrigues. 
O pai de Breno, Rogério Pires, destaca a importância de possuir um grande número de doadores cadastrados no banco de medula óssea. “Esse doador salvou não só a vida do meu filho, mas a nossa também, porque nossa vida parou desde 2012 só para cuidar dele, nós vivemos a vida dele e agora estamos usufruindo disso. Os médicos chegaram a dizer que não tinha mais jeito, porque, devido à leucemia, ele desenvolveu um tumor no cérebro, e com o tratamento surgiu a possibilidade de fazer o transplante. Hoje ele está bem, esse doador salvou a vida dele, porque ele estava em um estágio em que não podíamos esperar mais, ele já havia tido três recaídas. Ou o doador aparecia ou a gente ia perder nosso filho”, diz. 
A família declara que espera encontrar o doador que salvou a vida de Breno Rafael no final deste ano. “Nós falamos com ele por mensagem, porque nós só tivemos o direito de conhecer ele agora em julho. O encontro do doador com o paciente só é possível com um ano depois do transplante, ou depois que o paciente estiver bem, e como houveram essas complicações, nós só podemos encontrar com o doador agora. Nós pretendemos nos encontrar com ele em dezembro para agradecer, várias instituições que nos deram assistência querem nos ajudar a promover esse encontro”, completa Rogério Pires.
 

Fonte: PORTAL O DIA