Para especialista, forças conservadoras atrapalharam eleição para as mulheres

Para especialista, forças conservadoras atrapalharam eleição para as mulheres

10/10/2016 - 09:33

Representando 51,54% dos eleitores no Piauí, as mulheres andaram longe de alcançar o mesmo patamar de representação nos cargos públicos em disputa nas eleições realizadas no último dia 2 de outubro. Do total de 224 cidades piauienses, apenas 21 delas, ou seja, 9,5% do total de cidades, terão uma mulher como prefeita. Além disso, cidades importantes como Floriano, Esperantina, Oeiras e Bom Jesus, não terão uma mulher como vereadora na próxima legislatura. Em Teresina, a participação feminina na bancada foi reduzida de seis para três vagas. Em União e São Raimundo Nonato, Pedro II apenas uma vereadora em cada cidade foram eleitas. 

Para o pesquisador e cientista político Francisco Farias, da Universidade Federal do Piauí, isso está ligado a ascensão de forças conservadoras que aumentou nos últimos anos no Brasil, que possuem como origem a crise econômica mundial. Ele argumenta que o contexto atual, com um aumento do conservadorismo, atrapalha a eleição de mulheres para as funções públicas. 

“Eu penso que é reflexo de um momento conjuntural pelo qual o Brasil está passando. Na década de 90, a conjuntura mundial entrou num ciclo de restrição de políticas econômicas e sociais que resultou em prejuízos as bandeiras de minorias. Tudo isso levou para uma reorientação de forças políticas no país que culminou em 2002 com a vitória de partidos tidos progressistas, que ampliou a discussão dos direitos sociais, ampliou o apoio as minorias, inseriu secretarias e ministérios voltados para as mulheres. Mas a crise financeira nos EUA e na Alemanha pressionou os países a adotarem novamente o modelo do liberalismo econômico, notadamente conservador”, explica Francisco Farias, acrescentando que é neste contexto que pode ser compreendido uma redução da participação das mulheres tanto no parlamento, quanto no executivo. 

Fonte: Portal O Dia