Jovens são os mais atingidos pelo desemprego

Jovens são os mais atingidos pelo desemprego

11/03/2017 - 10:29

Estar em casa no meio da tarde durante a semana pode parecer o paraíso para quem vive preso no escritório. Mas, para os milhares de jovens brasileiros que estão sem emprego, horas, semanas e meses livres não têm nada de descanso. Os dados gerais são desanimadores: o IBGE divulgou que a taxa de desemprego do país atingiu, no 4º trimestre de 2016, a marca 22,2%, o maior valor da série histórica desde 2012. Essa taxa aponta que 22.635.000 brasileiros estavam desempregados/subocupados/na força de trabalho.

Por outro lado, com relação ao Piauí, os dados mostram que houve uma redução na taxa de desemprego da ordem de 0,6%, tendo passado de 9,4%, no terceiro trimestre de 2016, para 8,8%, no quarto trimestre. Teresina, por sua vez, em sentido inverso ao do Piauí, apresentou um incremento de 1,4% na taxa de desemprego, passando de 6,8%, no terceiro trimestre de 2016, para 8,2%, no quarto trimestre.

Em toda crise econômica, os jovens são os que mais sofrem com a falta de vagas, porque têm menos experiência. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que pessoas entre 18 e 24 anos são as mais afetadas pelo desemprego. O índice passou de 15,25%, no 4° trimestre de 2015, para 26,36% no 1° trimestre deste ano.

A pedagoga Luzia Bethânia, de 23 anos, está desempregada, e considerando que sua área de atuação é dividida em rede privada e pública, já procurou emprego no âmbito público, no caso, concurso para professor no município de Teresina e no Estado vizinho, Maranhão. No entanto, não existe nenhum concurso previsto para sua área no ano de 2017. “Não busquei na rede privada por acreditar que esta ocupa muito tempo do indivíduo e acaba privando de algumas coisas, por exemplo, estudar para uma pós-graduação ou concurso (quando tiver) ou em outra área”, destacou.

Seu objetivo profissional durante o curso era passar no concurso para professor ou pedagoga, assim como fazer pós-graduação em educação, mas os tempos são outros e as necessidades mudaram. “Hoje, quero passar em um concurso para professor, pedagogo, polícia, o que for. A necessidade profissional é maior. Não sou mais estudante. São outras cobranças”, completa Luzia.

A advogada Ariadne Ferreira Farias, 23 anos, formada desde 2015, já procurou emprego na sua área, mas a falta de experiência profissional ou de transporte próprio sempre foram empecilho para conseguir uma vaga, mesmo tendo boas experiências em estágio.“Trabalhei por 4 meses em um escritório de advocacia, mas o salário ofertado para o advogado iniciante chega a ser vergonhoso”, disse.

Contadora atua como auxiliar em hospital

Camyla Valéria, 23 anos, é bacharel em Ciências Contábeis e concluiu o curso no final de 2014. A contadora até chegou a receber proposta para trabalhar na sua área de formação na empresa em que estagiou, mas sempre teve o setor público em mente e no mesmo período coincidiu de ser convocada em um concurso quando estava concluindo o curso, então optou por assumir um cargo público, mesmo que fora da sua área.

Devido à necessidade de garantir uma renda, a jovem trabalha como auxiliar administrativo no Hospital do Promorar, na zona Sul de Teresina, e procura usar o tempo livre para estudar até conseguir um cargo na área contábil ou afins. “Como o meu foco é o setor público, então enquanto não conquisto um cargo público na minha área, fico onde as nomeações permitem”, diz.

Maioria dos desempregados é mulher

Os dados de uma pesquisa realizada em 2016, que fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que as mulheres representam 50,8% dos desempregados no país no primeiro trimestre, o que significa que há 5,64 milhões de desempregadas. Os homens são 49,2% (5,45 milhões).

A única região onde há mais homens (51,1%) que mulheres (48,9%) desempregados, proporcionalmente, é o Nordeste. Já a região com maior percentual de mulheres entre os desempregados é a Sul - elas são 54,5% e eles, 45,6%. Entre as brasileiras, a taxa de desemprego é de 12,7%, contra 9,5% entre os brasileiros. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.

Profissão como missão de vida

A coaching Renata Lourdes afirma que a área de formação é um dado que implica na escolha da carreira e do nível de desemprego, por isso é importante que o jovem atente não somente aos elementos motivadores, como, por exemplo, a questão financeira ou influência dos pais, mas que pensem em propósito e pensem na profissão como uma grande missão de vida, na paixão por aquilo que está sendo executado.

“Para isso, a escolha profissional deve ser aliada à informação. É importante pensar nas áreas e disciplinas que se gosta, nas instituições de ensino, entrar em contato com profissionais que já estão no mercado de trabalho naquela área, trocar ideias, fazer uma visita técnica”, orientou.

Após buscar essa qualificação, é necessário ter em mente canais adequados, saber construir um bom currículo, entregar nas empresas daquele segmento, naquele ramo de atividade, ter uma boa preparação para entrevistas de empregos e, em caso de ter pouca experiência profissional, na hora de buscar essas oportunidades é importante frisar a sua dedicação, bom comportamento e a qualificação ao invés da pouca experiência.

Com relação a dicas para se destacar e alcançar sucesso profissional, o primeiro ponto é admitir uma competência-chave que se chama comprometimento. “O profissional que quer ter sucesso, precisa ter compromisso naquilo que ele se predispõe a fazer. Além do comprometimento, é importante que você trabalhe o conjunto de competências que sua profissão exige, que é conhecimento, habilidade e atitude, além de desenvolver a técnica que você saiba desenvolver suas competências comportamentais”, enfatizou.

Outro aspecto é buscar sempre atualização profissional e não ser apenas atualizado, mas atual, assim como participar de feiras e eventos na cidade dentro da sua área de interesse e ter a possibilidade de estabelecer uma rede de contatos saudável e buscar um novo idioma de modo a ser uma pessoa comunicativa efetivamente, com espírito de trabalho em equipe e com capacidade de liderança, de modo a servir as pessoas e os clientes da sua área de atuação.

Fonte: meio norte