Piauí reduz 34,8% trabalho infantil

Piauí reduz 34,8% trabalho infantil

12/06/2017 - 10:10

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2014/2015 revela que o Piauí reduziu em 34,8% o índice de trabalho infantil entre crianças e adolescentes com a faixa etária de 5 a 17 anos. Já em relação à faixa etário de 5 a 9 anos, o Estado manteve o índice de 5, não havendo acréscimo nem redução.

Segundo José Camillo Ribeiro da Silveira, Chefe do Núcleo de Segurança e Saúde no Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Piauí, 168 milhões de crianças e adolescentes trabalham no mundo e, desse total, 85 milhões realizam trabalhos perigosos. No Brasil, o trabalho infantil diminuiu 19,8% entre 2014 e 2015. Entretanto, o índice aumentou 12,3% na faixa de 5 a 9 anos. Também houve elevação do percentual de crianças de 05 a 13 anos de idade ocupadas em atividades agrícolas, de 62% para 64,7%.

“Para eliminarmos o trabalho infantil, precisamos adotar medidas que promovam o trabalho decente, o emprego pleno e produtivo para a população em idade permitida para o emprego, em particular os jovens, protegendo as crianças do trabalho precoce, com a inclusão dos seus familiares em idade permitida para o trabalho”, argumenta José Camilo Silveira.

Os auditores fiscais do trabalho realizaram somente em 2016 um total de 5.766 ações fiscalizadoras em todo o país, resultando na retirada de 2.496 crianças e adolescentes com idade de zero a 17 anos de condições de trabalho irregular.

“Encontramos muitas dificuldades durante as auditorias, como a restrição a estabelecimentos comerciais, dificuldade na localização de crianças e adolescentes em situação de trabalho ilegal, escassez de recursos humanos e materiais para a interiorização das ações fiscais, necessidade, por vezes, de requisição de força policial; além de dificuldade na realocação da mão de obra do adolescente de forma regular no mercado de trabalho”, enumera José Camilo.

Trabalho doméstico e rural

Outro problema no Piauí diz respeito ao local de trabalho dessas crianças, uma vez que grande parte dela trabalha sob orientação da família. "No Piauí, a maioria das crianças que trabalham faz isso sob orientação da família. Estão nos sinais, nos mercados e em outros locais, o que dificulta uma fiscalização mais rigorosa", diz o auditor.

Ele explica que atualmente o trabalho infantil encontra-se mais concentrado no trabalho doméstico e rural, o que dificulta a fiscalização e, por consequência, promove a subnotificação. "No trabalho doméstico esbarramos na ausência de previsão legal para a atuação da fiscalização, onde devem entrar os entes de assistência social, além disso, a relação familiar de trabalho infantil não há possibilidade de aplicar autos de infração, além do entrave da inviolabilidade do domicílio. Por outro lado, a fiscalização no interior tem sido prejudicada pela escassez de auditores e recursos materiais para realização das ações de fiscalização

Camillo explica que o trabalho infantil no Brasil sofre dificuldades de combate devido a mentalidade de grande parte das pessoas. "Muitas pessoas fecham os olhos para a realidade do trabalho infantil, dificilmente recebemos alguma denúncia relacionada a trabalho infantil. Quando recebemos, damos total prioridade à fiscalização do estabelecimento. Infelizmente muitos ainda compartilham da mentalidade de que a criança ou adolescente ou trabalha ou usa drogas/rouba/mata", destaca.

Ele ressalta ainda que são inúmeros e de todas as ordens os prejuízos para as crianças. "Os prejuízos vão desde problemas de saúde, em virtude da formação incompleta dos órgãos e sistemas do corpo e a exposição precoce a agentes danosos à saúde até a formação psicossocial da criança e do adolescente, que deixa de viver uma fase da sua vida, brincar, estudar adequadamente e garantir uma formação profissional futura que lhe traga um futuro digno", finaliza.

Fonte: MEIO NORTE