Casos de demência vão triplicar e chegar a 152 milhões de pessoas até 2050
Casos de demência vão triplicar e chegar a 152 milhões de pessoas até 2050
14/05/2019 - 22:19
Com o acelerado envelhecimento da população mundial, o alto índice de crescimento de casos de demência tornou-se um dos principais desafios de saúde pública da atualidade. A fim de reduzir o impacto global da doença, as principais recomendações anunciadas nesta terça-feira (14) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) incluem a prática regular de exercícios aeróbicos e a adoção da dieta mediterrânea - baseada na alta ingestão de cereais integrais, frutas, peixes, vegetais e azeite de oliva.
Foto: Alex Boyd/Unsplash
Embora não exista cura para a demência, muito pode ser feito para inibir o surgimento ou a progressão da doença. Além de uma dieta saudável e da prática regular de exercícios, as primeiras diretrizes globais da OMS para reduzir o risco de declínio cognitivo e demência recomendam ainda a adoção de políticas públicas para combater o fumo, a obesidade, a hipertensão, o diabetes e o consumo de álcool.
As diretrizes serão apresentadas em detalhe por representantes da OMS na abertura do simpósio "Dementia Forum X", que reunirá na quarta-feira líderes e especialistas internacionais em demência no Palácio Real de Estocolmo, sob a iniciativa da Rainha Silvia da Suécia.
A demência engloba uma série de doenças progressivas que afetam as capacidades de atenção, memória e outras habilidades cognitivas e comportamentos. Há mais de 100 formas de demência – a mais comum é a doença de Alzheimer, que contabiliza de 60% a 70% de todos os casos. As mulheres são mais frequentemente afetadas do que os homens.
Recomendações
A Organização Mundial de Saúde destaca que a atividade física está associada à saúde cerebral, e diversos estudos apontam que pessoas com uma vida mais ativa apresentam menor risco de desenvolver demências. Segundo as recomendações do relatório da OMS, adultos a partir de 65 anos de idade devem praticar pelo menos 150 minutos de atividades aeróbicas de intensidade moderada por semana.
A alternativa é fazer pelo menos 75 minutos de exercícios aeróbicos vigorosos durante a semana, ou uma combinação equivalente de atividades de intensidade moderada a alta. Cada atividade aeróbica deve ter pelo menos dez minutos de duração.
Para obter benefícios adicionais, a OMS recomenda a prática de 300 minutos de exercícios aeróbicos moderados por semana, ou 150 minutos de atividades de alta intensidade - ou ainda uma combinação entre práticas aeróbicas de intensidade moderada e alta. Exercícios de musculação devem ser feitos duas ou mais vezes por semana.
De acordo com a OMS, vários estudos indicam que a adoção da dieta mediterrânea está associada a uma menor probabilidade de desenvolver demências. Baseada no consumo de alimentos frescos e naturais, a dieta mediterrânea é normalmente relacionada à melhora das funções cardiovasculares e a uma maior longevidade de seus adeptos, além de reduzir riscos de desenvolvimento de câncer e outras doenças degenerativas.
As recomedações gerais da OMS para uma dieta balanceada incluem pelo menos 400 gramas (cinco porções) de frutas e legumes por dia, além de nozes e grãos integrais. Deve-se dar preferência ao consumo de gorduras insaturadas (encontradas em alimentos como peixes, abacate, óleo de canola e azeite de oliva), e reduzir a ingestão de gorduras saturadas - presentes por exemplo em carnes vermelhas, manteigas, queijos e óleo de côco - a menos de 10% das calorias ingeridas por dia.
A OMS recomenda ainda a ingestão de menos de cinco gramas de sal (cerca de uma colher de chá) por dia, e o uso de sal iodado.
Brasil
Em todo o mundo, os custos de apoio e tratamento de demências crescem de forma alarmante: em 2018, os gastos globais foram da ordem de um trilhão de dólares, e as projeções são de que este total irá dobrar até 2030.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, são registrados 55 mil novos casos de demências todos os anos, a maioria decorrentes do mal de Alzheimer. Atualmente, 1,4 milhão de brasileiros vivem com demência - e o número de casos deverá saltar para mais de seis milhões em 2050.