Estudo mostra que concentração de renda no Brasil pode ser quase o dobro da apurada pelos dados oficiais
Concentração de renda no Brasil pode ser quase o dobro da apurada
30/10/2019 - 08:31
O retrato da desigualdade social no Brasil pode ser pior do que mostram os dados oficiais. Segundo cálculos feitos por uma consultoria, a diferença entre os extremos das classes de renda do país seria quase o dobro da apurada pelas pesquisas oficiais.
Os dados oficiais de renda e desigualdade são calculados, no Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos números da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), que coleta as informações por meio de entrevistas feitas em domicílios. A partir deste levantamento, o IBGE estima que o abismo de renda da classe A para a classe D/E é de 21,4 vezes – ou seja, os mais ricos ganham 21,4 vezes mais do que recebem os mais pobres.
A consultoria, por sua vez, faz um exercício por recorte de rendas com base em dados da Pnad e da Receita Federal. Na simulação, a consultoria Tendências usa dados da Pnad para medir a renda da população que ganha até cinco salários mínimos. Mas, para rendas acima desse patamar, utiliza dados declarados no Imposto de Renda e que são anualmente recebidos pela Receita Federal. Com esses critérios, a diferença de renda entre a classe A e a D/E sobe para 38,8 vezes.
A diferença nos resultados acontece porque a Pnad tem como base entrevistas pessoais e, portanto, nem sempre consegue mensurar a renda dos mais ricos do país se uma parte dos entrevistados não declarar todos os ganhos obtidos – como bônus, renda de aluguel e dividendos, por exemplo. Com os dados do Imposto de Renda, esse tipo de problema é superado. O cálculo da consultoria considera os dados da Pnad para as faixas mais baixas porque essa fatia da população é, em grande parte, isenta da declaração do IR.