Estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, completa 50 anos

Estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, completa 50 anos

01/11/2019 - 08:42

As luzes da cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri do Ceará, se apagaram por 30 segundos, na noite do dia 1º de novembro de 1969, antes de 24 refletores iluminarem a atração principal: a Estátua do Padre Cícero, na Colina do Horto. Há exatos 50 anos, acontecia a inauguração do monumento de 27 metros, em evento que reuniu, segundo os jornais da época, entre 100 e 200 mil pessoas. Hoje, a escultura é o cartão-postal do município de 270 mil habitantes. Para muitos, Juazeiro do Norte é o principal “milagre” do “padrinho”.

Foto: Gustavo Pellizzon/SVM

Anualmente a estátua atrai, em média, 2,5 milhões de visitantes. Além de um importante ponto turístico da região do Cariri, com bela visão de Juazeiro do Norte, de cidades vizinhas e da Chapada do Araripe, a gigante imagem do sacerdote também se tornou importante símbolo da fé romeira. É impossível pisar na terra do Padre Cícero e não passar pelo Horto.

Com esse grande número de visitantes, é natural que o local reúna diversos comerciantes informais, como Severina Espírito Santo da Silva, natural de Cuitegi (PB), que abandonou a roça há 17 anos para vender artigos religiosos ao lado da escultura do sacerdote cearense. “A gente vive disso aqui. Mudar foi melhor. Aqui é bom demais. Vou ficar aqui mesmo”, enfatiza.

Idealização

A construção da estátua aconteceu por um acaso. Em 1967, ano em que assumiu a Prefeitura de Juazeiro do Norte, o médico Mauro Sampaio mandou derrubar o chamado “pé de tambor”, uma árvore de Timbaúba, para construir uma antena de televisão. Porém, os devotos do Padre Cícero ficaram revoltados, pois, segundo a tradição oral, a árvore era um dos locais de meditação e refúgio do sacerdote.

Antes disso, no final do século XIX, já com suas ordens religiosas suspensas após o “Milagre da Hóstia” - controverso evento em que, ao dar eucaristia a uma fiel, o pão consagrado por Padre Cícero teria se transformado em sangue na boca da beata -, o aclamado santo popular já frequentava a Colina do Horto, antigamente chamada de “Serra do Catolé”. Lá, fazia seu retiro espiritual e iniciou a construção de uma igreja para Bom Jesus do Horto. O projeto foi abandonado em 1904 por ordens da Diocese de Fortaleza. A edificação, de forma natural, foi ruindo até ser demolida no final da década de 1930. “Então, já havia sido profanado outro símbolo de fé”, conta a historiadora e pesquisadora Amanda Teixeira.

Construção

 

O jornalista e escritor Aldemir Sobreira, falecido há três anos, narrava que, a princípio, tentaram encontrar um escultor em Fortaleza, mas a procura foi em vão. Outro dia, o próprio Aldemir e Mauro Sampaio visitaram uma exposição de artes plásticas na Faculdade de Filosofia do Crato — atual Universidade Regional do Cariri —, onde conheceram, por acaso, o artista plástico pernambucano Armando Lacerda, que topou fazer o projeto da Estátua.

A princípio, o monumento teria sete metros de altura, fora a base. Porém, Armando optou por construir uma estátua de 12 metros. Um galpão foi montado no armazém de uma antiga usina de algodão, na esquina das ruas São Paulo e São Francisco. Durante a modelagem, o próprio escultor decidiu ser mais ousado e aumentou o tamanho da estátua para 17 metros. Os cálculos pelos engenheiros foram feitos e a proposta foi aprovada.

Fonte: g1