Desperdício diminui, mas grandes cidades ainda perdem mais de 1/3 da água potável

Desperdício diminui,mas grandes cidades ainda perdem mais de 1/3 da água potável

10/03/2020 - 09:12

As grandes cidades brasileiras conseguiram reduzir a perda de água potável nos sistemas de distribuição. Mesmo assim, o desperdício em 2018 chegou a mais de um terço da água tratada, em média. Isso significa que, a cada 10 litros de água tratada, 3 se perderam.

É o que mostra um estudo do Instituto Trata Brasil e da GO Associados obtido pelo G1 e divulgado nesta terça-feira (10). Ele foi feito com base nas 100 maiores cidades do Brasil, que concentram 40% da população do país, e nos dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2018.

Em 2017, o índice de perda das grandes cidades foi de 39,5%. Já um ano depois, ele caiu para 34,4%. O valor é inferior à média nacional de perdas, que foi de 38,5%.

A perda é causado por vazamentos nas tubulações, erros de leitura de hidrômetros, roubos e fraudes.

Das 100 cidades analisadas, apenas 3 possuem níveis de perda de distribuição menores que 15%, um valor considerado ótimo. Mais de 70% das cidades têm perdas superiores a 30%, o que, segundo o estudo, aponta um grande potencial para melhorias nas redes.

 

Os diversos prejuízos da perda de água

 

De acordo com o estudo, o índice de perda e água é importante não apenas para medir os volumes ou recursos financeiros desperdiçados, mas também para analisar os níveis de eficiência dos serviços de saneamento nos municípios.

Édison Carlos afirma que a perda tem três eixos principais:

 

  • Perda ambiental: "Quando você perde água, tem um problema hídrico, pois precisa tirar mais água da natureza para cobrir o desperdício"
  • Perda social: "Quando tem muita perda, a pressão da rede diminui, aí quem fica primeiro sem água é quem mora mais distante, em periferia, e é mais pobre"
  • Perda econômica: "A perda quer dizer receita que deixou de entrar na empresa. Você tem custo de funcionário, estrutura e produto químico para tornar a água potável, mas você não consegue receber pela água que fabricou"

 

Por conta disso, Édison Carlos afirma que um indicador ruim de perda, acima de 45%, é um forte indicativo de "caos" de gestão. "A empresa tem menos capacidade de investir no próprio sistema para combater a própria perda. Por isso, a perda é sintomática", diz.

 

Água e esgoto

O estudo também analisa outros índices de saneamento das cidades, bem como do país como um todo.

Além do índice de perdas, os índices de esgoto também apresentaram melhoras. A população que tem acesso a coleta de esgoto, por exemplo, passou de 72,8% em 2017 para 73,3% em 2018. Já os índices de esgoto tratado passaram de 55,6% para 56,1%.

O único índice que piorou foi o da população com água tratada, que caiu de 94,6% para 93,3%. Isso acontece porque as redes não conseguem acompanhar a expansão urbana das cidades, nem avançar nas regiões que já não tinham acesso, segundo Édison Carlos.

Fonte: g1