Piauí reduz feminicídio em 38%

Piauí reduz feminicídio em 38%

27/05/2020 - 23:27

No Dia Estadual de Enfrentamento ao Feminicídio, lembrado neste dia 27 de maio, o Piauí apresenta um panorama de redução no número de assassinatos de mulheres pela condição do gênero em 38%. De janeiro a maio de 2020 foram 8 feminicídios, contra 13 registrados no mesmo recorte temporal de 2019. Durante todo o ano passado, foram registrados 29 casos em todo o Piauí. 

No entanto, este não é um dado que deva ser comemorado, afinal, a vida das mulheres importam. Mas é fato que o Estado avança a passos largos na busca pelo enfrentamento deste tipo de violência. “A gente traz essa data no sentido de dialogar e discutir com a sociedade essa questão. Partimos da necessidade de desenvolver campanhas e debate a respeito do enfrentamento, trazendo a filosofia de que isso só vai acontecer com atividade pedagógica, levando para as escolas e comunidade essa ideia”, reforça a delegada Anamelka Cadena. 

O machismo aparece como a raiz de todas as violências contra a mulher, que perpassam da violência física, verbal, psicológica e culmina, muitas vezes, com o feminicídio. “Buscamos desconstruir antigos conceitos. No nosso estado, a maioria dos feminicídios no âmbito das relações domésticas, é evitável, onde há o silenciamento de várias violências”, acrescenta a delegada. 

Toda a comunidade deve conhecer e saber operar as centrais telefônicas disponíveis e o app Salve Maria. Assim é possível salvar a vida e quem o leitor menos espera. Uma vizinha ou transeunte pode depender da ajuda de um terceiro, mesmo que desconhecido. “A gente utiliza o conceito da Lei para refletir sobre a necessidade de fazer denúncias através do 180, 190, Salve Maria. Hoje temos até a patrulha. Então é preciso conhecer a rede, até para auxiliar alguma mulher em situação de violência. É dar acolhimento, abrigo e orientação para elas”, acrescenta Anamelka.

Data é em alusão ao estupro coletivo de Castelo do Piauí 

“Em razão do evento do estupro coletivo em Castelo do Piauí. No dia 27 de maio tivemos um sobressalto: quatro meninas vilipendiadas, que reverberou na mídia nacional e internacional. É um caso que saiu da curva, que não encontrava explicação no Código Penal. Não havia relação interpessoal entre os envolvidos. Foi necessário um esforço cognitivo utilizando a convenção de Belém do Pará”, lembra a delegada Eugênia Villa.

O crime bárbaro marcou o Piauí, principalmente pela participação de menores de idade. “O caso de Castelo nos serviu de base para construir uma metodologia investigatória. Era preciso ajudar a polícia a indiciar essas pessoas. Em 2018 foi instituído o dia como forma de mostrar para que serve o dia e publicizar essa preocupação com o Estado. Esses assassinatos, antes de 2015, estavam inviabilizados. Não havia destaque e quantificação no recorte das mulheres. E o Piauí é pioneiro nisso, em nível nacional”, revela.

Fonte: meio norte