Alimentos e gasolina puxam a maior inflação para agosto desde 2016

Alimentos e gasolina puxam a maior inflação para agosto desde 2016

09/09/2020 - 11:51

Puxado pela alta nos preços de alimentos e da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,24% em agosto, abaixo da taxa de 0,36% registrada em julho, conforme divulgou nesta quarta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da desaceleração em relação ao mês anterior, trata-se da terceiro avanço seguido e o maior resultado para um mês de agosto desde 2016, quando o IPCA foi de 0,44%. Em agosto de 2019, a taxa havia sido de 0,11%.

Foto: Chico Escolano/EPTV

No acumulado em 2020, o IPCA registra alta de apenas de 0,70%, e em 12 meses, de 2,44%, ainda abaixo do piso da meta do governo para o ano, que é de 2,5%.

IPCA - Inflação oficial mês a mês — Foto: Economia G1

O resultado ficou ligeiramente acima da mediana das projeções de 33 analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que projetaram desaceleração do índice para 0,23% em agosto. O intervalo das estimativas ia de 0,17% a 0,32% de aumento.

Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 6 tiveram alta em agosto. Os maiores avanços foram nos preços de transportes (0,82%) e de alimentação e bebidas (0,78%), com impactos de 0,16 e 0,15 ponto percentual, respectivamente, no índice geral.

Em julho, os preços de alimentação e bebidas tinham registrado variação de apenas 0,01%.

Entre os itens que mais subiram em agosto, estão o tomate (12,98%), óleo de soja (9,48%) o leite longa vida (4,84%), frutas (3,37%), carnes (3,33%), e o arroz (3,08%).

Alimentos com alta acumulada expressiva no ano:

 

  • manga: 61,63%
  • cebola: 50,40%
  • abobrinha: 46,87%
  • tainha: 39,99%
  • limão: 36,56%
  • morango: 31,99%
  • feijão-preto: 28,9%
  • leite longa vida: 22,99%
  • arroz: 19,25%
  • óleo de soja: 18,63%

 

Entre as razões para o aumento nos preços dos alimentos está a alta do dólar e o aumento da demanda externa, com elevação das exportações, de produtos como arroz, estimuladas pelo real mais desvalorizado.

De acordo com o pesquisador do IBGE, o auxílio emergencial também teve impacto sobre a inflação no mês. “Houve um efeito demanda que ajudou a manter esses preços dos alimentos mais altos”, avaliou Kislanov.

Veja as taxas de variação por grupos

 

 

  • Alimentação e Bebidas: 0,78%
  • Habitação: 0,36%
  • Artigos de Residência: 0,56%
  • Vestuário: -0,78%
  • Transportes: 0,82%
  • Saúde e Cuidados Pessoais: 0,50%
  • Despesas Pessoais: -0,01%
  • Educação: -3,47%
  • Comunicação: 0,67%

 

 

Transportes tiveram alta pelo 3º mês consecutivo

 

Nos combustíveis, a gasolina teve alta de 3,22% em agosto, enquanto o diesel subiu 2,49% e o etanol avançou 1,29%.

“O impacto individual mais importante nestes últimos meses tem sido a gasolina. Embora ela continue sendo o item individual de maior peso, a alimentação segue a que tem o maior peso na composição do IPCA”, explicou Kislanov.

No acumulado no ano, porém, a gasolina ainda tem queda de 5,93%.

Nas despesas de casa (habitação), os maiores impactos vieram do aluguel residencial (0,32%) e da energia elétrica (0,27%). Houve também aumento nos preços de materiais de construção como o tijolo (9,32%) e o cimento (5,42%).

Em comunicação (0,67%), o destaque ficou com o subitem acesso à internet (8,51%), com impacto de 0,05 p.p. no índice do mês.

 

Descontos nas mensalidades escolares ajudam a frear inflação

 

No lado das quedas, o destaque ficou com o grupo Educação, que teve deflação de 3,47% em agosto, favorecida pelos descontos nas mensalidades escolares em meio à pandemia e em virtude da suspensão das aulas presenciais.

Os preços dos cursos regulares recuaram 4,38%, sendo que maior queda foi observada na pré-escola (-7,71%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,84%), pela educação de jovens e adultos (-4,80%) e pelas creches (-4,76%).

Segundo Kislanov, a queda na educação se deu porque os preços das mensalidades dos cursos em agosto foram comparados com os que estavam vigentes no começo de março. Isso porque, em função da pandemia, não foi feita coleta desses preços entre julho e abril.

Campo Grande tem maior inflação entre as regiões

Cinco das 16 regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram deflação em agosto. O menor índice ficou com o município de Aracaju (-0,30%). Já o maior resultado foi observado em Campo Grande (1,04%). Em São Paulo, a taxa foi de 0,31%. Já no Rio de Janeiro houve deflação de 0,13%.

 

Fonte: G1