Feminicídio acende alerta sobre riscos de mulheres sob ameaça

Trinta e seis mulheres foram assassinadas no Piauí só no ano passado.

29/01/2022 - 08:51

O assassinato de Valdirene Torquato, 42 anos, a golpes de faca cometido pelo ex-marido identificado como Ezequiel Rodrigues Araújo, na última terça-feira (25), na região Centro/Sul de Teresina, acende mais uma vez o alerta às mulheres vítimas de violência: toda ameaça é um sinal de que algo pode acontecer. 

Já na quarta-feira (26), outra mulher de 59 anos sofreu tentativa de feminicídio sendo atingida com três tiros no bairro Mocambinho. O suspeito, um sargento aposentado da PM e ex-marido da vítima, foi preso horas depois do crime.

De acordo com familiares de Valdirene, a trabalhadora doméstica já havia comunicado sobre as intimidações que sofria, inclusive tinha registrado Boletim de Ocorrência. O crime que vitimou Valdirene, é o primeiro feminicídio registrado em Teresina em 2022, mas segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), 36 mulheres foram assassinadas no estado do Piauí no ano passado. A maioria dos crimes foram praticados pelo companheiro ou ex-companheiro das vítimas.

De acordo com ela, faltou um melhor acompanhamento do caso. “Isso acaba favorecendo o sentimento de impunidade deixando o agressor e feminicida livre, para continuar perseguindo a vida da ex-companheira e a mulher passa a viver insegura, vulnerável, para qualquer tipo de violência, inclusive ao  feminicídio”.

Risco do rompimento da relação

Marcela Barbosa destaca ainda que se o agressor descumprir uma medida protetiva de urgência, ele poderá ser preso. “Nesse caso foi percebido uma lacuna muito grande, uma vida perdida, que poderia ter sido evitada e um filho órfão em decorrência do feminicídio”, acrescenta.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Locomotiva em novembro de 2021 mostra que uma em cada 6 mulheres já sofreu tentativa de feminicídio no Brasil. É quando a mulher é ameaçada por sua condição de mulher. Isso normalmente acontece por parte de um marido, namorado ou ex-companheiro e, em geral, dentro da própria casa.

O momento percebido como de maior risco de assassinato da mulher que sofre violência doméstica pelo parceiro é justamente o do rompimento da relação para 49%, embora para 28% seja a qualquer momento. Portanto, ao denunciar, a mulher deve receber a medida protetiva para que o agressor fique proibido de chegar perto dela.(W.B)

Fonte: MEIONORTE