Funcionária denuncia racismo e lesbofobia em mensagens de cliente no Piauí: ‘hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa?’

Caso aconteceu no sábado (12), em Parnaíba.

18/03/2022 - 09:32

A funcionária de um restaurante, Joelma Figueiredo, de 23 anos, denunciou nas redes sociais ter sido vítima de racismo e lesbofobia, em mensagens enviadas por um cliente, em Parnaíba, no litoral do Piauí. No texto, enviado no último sábado (12), o homem recusa o pedido por ser preparado pela mulher negra e lésbica.

Na conversa, o cliente relata que esteve no estabelecimento na quarta-feira (9) e lamenta que seu hambúrguer tenha sido feito por Joelma, que trabalha como chapeira no local. 

“Desculpe a pergunta, mas meu hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa? Lanchei aí na quarta-feira e vi que meu hambúrguer foi feito por uma pessoa que não é do meu agrado. Ela é lésbica e negra, entenda meu lado. A imagem de vocês em primeiro lugar”, diz o cliente em mensagens.

Ao g1, a vítima relatou que outra funcionária estava responsável pelo atendimento de clientes nas redes sociais. Ao receber as mensagens ofensivas, a mulher alertou Joelma, que acompanhou o restante da conversa.

“Tipo de clientes como você não fazemos a mínima questão em nosso estabelecimento. Que o senhor fique sabendo que a ‘negra e lésbica’ é a melhor chapeira da cidade. Vamos na delegacia registrar um B.O. [boletim de ocorrência] contra você”, respondeu a atendente.

“Eu sei, mas sou cliente e devo dar minha opinião e sou sim preconceituoso e racista. E acho que vocês não deviam botar esse tipo de gente pra trabalhar”, continuou o homem.

Segundo a vítima, não foi possível reconhecer o responsável pelo envio das mensagens.

“Na mensagem ele dizia que tinha ido lá numa quarta-feira, mas, por lá, passa tanta gente. É difícil tentar lembrar. O perfil não possui foto”, comentou.

Após receberem as mensagens, as funcionárias acionaram o proprietário do restaurante, Bossuet Costa Sales, que foi até o estabelecimento. De acordo com ele, para conseguir o endereço do criminoso, a equipe tentou prosseguir com o pedido.

As meninas me ligaram e fui acompanhar de perto. No primeiro momento, a gente não quer acreditar no que está lendo. Pensei que precisávamos conseguir o endereço do homem e perguntei se ele aceitaria o pedido se fosse feito por uma pessoa branca, ele disse que sim e pediu uma foto da pessoa. Enviei uma foto minha, mas ele não respondeu mais”, contou Bossuet.

A equipe utilizou as redes sociais da hamburgueria para denunciar a situação. As mensagens repercutiram nas redes sociais e causaram revolta em alguns internautas. Outros, segundo Joelma Figueiredo, julgaram o caso como uma ‘estratégia de marketing do estabelecimento’.

Fonte: G1