Garoto de 13 anos mata mãe, irmão e fere o pai após ser proibido de jogar

A ação foi motivada por uma discussão sobre notas baixas

21/03/2022 - 05:56

Um adolescente de 13 anos matou a própria mãe e o irmão mais novo, de 7 anos, a tiros dentro de casa na tarde de sábado, dia 19, no município de Patos (PB), no sertão paraibano, a 308 quilômetros de João Pessoa. O pai do menor, que guardava uma arma de fogo na residência por seu trabalho como policial militar, também foi baleado, mas sobreviveu. O PM reformado, de 56 anos, foi socorrido a um hospital da região. O caso chocou os moradores do bairro Jardim Guanabara.

O delegado Renato Leite contou, em entrevista à "TV Sol" publicada em vídeo na página da emissora no Facebook, que a ação foi motivada por uma discussão sobre notas baixas que o jovem estaria levando na escola. Além disso, ele também queria continuar a jogar online e, conforme disse em depoimento, se sentiu "pressionado" por cobranças tanto para estudar quanto para cumprir com suas tarefas domésticas.

"Estava tirando notas baixas porque em casa só queria saber de estar jogando esse jogo. O menino, quando era cobrado pra arrumar uma cama ou então enxugar uma louça, disse ele que se sentia pressionado. E por esse motivo hoje foi a gota d'água. E ele se armou com a arma do pai e fez o que fez, infelizmente.", disse o delegado.

Ao site O Globo, Leite disse que o caso foi registrado como um procedimento especial envolvendo menor de idade num contexto de violência doméstica, considerando que as vítimas foram a mãe e o irmão, que morreram, e o pai do autor, gravemente ferido. Segundo o delegado, o adolescente está sozinho numa sala revervada para menores de idade na carceragem da Polícia Civil da Paraíba, aguardando a audiência de apresentação e a decisão judicial.

Como o episódio aconteceu

Leite afirmou que o pai do estudante tinha dado uma saída rápida para comprar um remédio para a mãe, que estava com dor de dente e, naquele momento, dormia no quarto do casal. Antes disso, porém, pegou o celular do filho por causa do mal desempenho escolar. O jovem então pegou a arma de fogo, que estava "bem guardada" em um "armário de ferro fechado" no escritório do pai, conforme descreveu o delegado.

"A mãe aguardava no quarto, deitada, dormindo. Ele chegou, encostou a arma na cabeça dela e efetuou um disparo contra a mãe", relatou Leite à "TV Sol".

O barulho do tiro assustou o irmão mais novo, que estava em seu próprio quarto. O delegado disse que a criança começou a brigar com o adolescente quando percebeu o que tinha acontecido. O autor então chegou a correr atrás do menino para atirar nele também. Durante essa situação, o pai chegou à casa.

"O pai chegou, tentou intervir, que ele soltasse a arma, e ele terminou efetuando um disparo contra o pai, que caiu na sala. O irmão, ao ver o pai caído, foi tentar socorrer o pai, o abraçou, foi quando ele (o adolescente) atirou no irmão pelas costas. Depois, friamente, ele guardou a arma onde estava, chamou o Samu e tentou fazer (parecer) que tinha sido um assalto, que (ladrões) tinham entrado e praticado um assalto. Mas depois de todas as diligências que fizemos, a gente conseguiu elucidar esse caso. A arma foi apreendida, foi encaminhada pra perícia. O menor aguarda num local adequado, por ser menor, a manifestação judicial e do Ministério Público.

'Gota d'água': ficar sem jogo online

Leite chamou a circunstância de "uma situação complicada", em que "uma família foi destruída". "O adolescente de 13 anos alegou que a motivação pra ele ter cometido o que ele cometeu foi porque os pais estavam privando ele de jogar um jogo. O jogo que ele estava jogando era "Roblox". A motivação, que ele alegou ter sido a gota d'água hoje, para que ele pegasse a arma do pai, que o pai era policial militar, e resolvesse atirar contra a mãe dele, atirar contra o pai e depois contra o irmão mais novo, foi justamente por isso. Ele alegou que era pressionado para tirar boas notas na escola", afirmou o delegado, com base no depoimento do autor dos disparos. "Eu percebi que ele, quando soube que o pai ainda estava vivo, se assustou. Acho que ele estava mais satisfeito se todos os três tivessem falecido."

O adolescente disse que o pai já havia mostrado a arma para ele, por curiosidade, mas negou que a tenha usado em outro momento. O PM aposentado, baleado no tórax, foi levado inicialmente ao Hospital Regional de Patos, mas a gravidade dos ferimentos provocou um pedido de transferência para o Hospital de Trauma de Campina Grande.

 

Fonte: meionorte