Piauí em alerta para casos de abuso sexual de crianças

Dados da Rede de Observatórios da Segurança

30/04/2022 - 09:11

De acordo com dados da Rede de Observatórios da Segurança, o Piauí registrou 53 casos de violência contra crianças e adolescentes. Deste número, 21 correspondem a casos de abuso sexual e estupro. O levantamento leva em consideração os meses de agosto de 2021 a janeiro de 2022.

No entanto, os números refletem o momento presente. O suposto estupro realizado por um professor de matemática, que teria aliciado um menino de 9 anos na Escola Municipal Monteiro Lobato, na região da Vila Palitolândia, zona Sul de Teresina, ganhou o noticiário na última segunda-feira (25). As aulas foram suspensas e o professor foi afastado das funções.

No mesmo dia, em Beneditinos, uma menina de 14 anos foi sequestrada e depois largada seis horas depois, sem lembrar de nada.  O caso também está em investigação sobre uma suposta violência sexual.

A verdade é que, de acordo com especialistas, a maior parte dos abusos vêm da própria família ou de alguém muito próximo, como um vizinho ou amigo da família. 

Em outubro do ano passado, ganhou o noticiário o caso do estudante de medicina, Marcos Vitor Aguiar Dantas Pereira, de 22 anos. Acusado de estuprar quatro crianças, entre as vítimas estariam as próprias irmãs de 3 e 9 anos e mais dois parentes. Ele permanece foragido.

Casos que chocam

Situações que se multiplicam pelo país e o mundo. Foi o caso de R. A. S., hoje com 34 anos. Ela foi abusada por tios durante a década de 80.

J. P. A., de 32 anos, conta que foi abusado pelo padrasto. "Minha mãe descobriu e ficou com ciúme de mim, como se eu tivesse culpa. Depois de dois anos do abuso, ela se separou dele, mas nunca mais tocou no assunto. Ele me obrigava a fazer sexo oral nele quando minha mãe saía para o trabalho. Aconteceu umas quatro vezes", revela.

Atenção aos sinais que eles dão

A psicóloga clínica Antônia Francisca Lima, especialista em psicologia jurídica, tem expertise no atendimento de crianças que foram vítimas de abuso sexual. A realidade do consultório mostra que o perfil das vítimas é o mesmo: crianças na fase da pré-adolescência que terminam sendo vilipendiadas pelos próprios parentes.

Antônia afirma que é necessário estar atento a alguns sinais que as crianças deixam transparecer, mesmo quando elas não têm noção que sofreram algum tipo de abuso. 

Comportamento regressivo deve ser observado

A profissional da psicologia também alerta para a mudança de humor das crianças vítimas de abuso sexual. "A criança pode passar a ser agressiva. A rotina de sono também pode mudar, com insônia e pesadelos. Também tem outro fator importante que é a regressão. É o chamado comportamento regressivo. A criança volta a chupar o dedo e a fazer xixi na cama, por exemplo, após vivenciar a experiência negativa", alerta Antônia Francisca Lima.

O aprendizado pode ser prejudicado com este tipo de violência. "O abuso prejudica a cognição da criança. O rendimento escolar pode cair e isso também precisa ser observado. Muitas crianças desenvolvem compulsão alimentar após os abusos. Acontece muito", revela. A violência sexual também pode ser virtual. 

O aprendizado pode ser prejudicado com este tipo de violência. "O abuso prejudica a cognição da criança. O rendimento escolar pode cair e isso também precisa ser observado. Muitas crianças desenvolvem compulsão alimentar após os abusos. Acontece muito", revela. A violência sexual também pode ser virtual. 

A introspecção, vergonha excessiva, pânico e rebeldias devem ser analisados com cuidado. "Além disso, problemas psicossomáticos. Como dores de cabeça, erupções cutâneas e alterações gastrointestinais. Além disso, comportamentos sexuais. Brincadeiras de cunho sexual, palavras e desenhos das partes íntimas. É algo que já acende um alerta", aponta a psicóloga.

As crianças devem ser ouvidas com atenção e respeito para que elas não se sintam desacreditadas. "É preciso validar a fala da criança. Muitos relatos são de que os pais não acreditam no que elas falam. É preciso acreditar no que elas dizem e verificar. Quem são as pessoas que o meu filho tem contato? Quem é o vizinho próximo que oferece um bombom, um carinho. É preciso ter um olhar aguçado para entender os contextos", finaliza.

 

Fonte: MEIO NORTE