Dengue deve bater recorde de mortes no país, e epidemia pode avançar sobre o Nordeste
Década de 1980, recorde é de 2015: 986 pessoas. Este ano, foram 978
16/12/2022 - 09:06
O Brasil deve bater o recorde anual de mortes por dengue em 2022. Até o boletim mais recente do Ministério da Saúde, de 5 de dezembro, foram 978 óbitos – número superior à soma dos dois anos anteriores. Desde que as epidemias do vírus ressurgiram no Brasil, na década de 1980, o recorde é de 2015, quando 986 pessoas morreram pela doença.
“Temos hoje o ano que ficará marcado na história da dengue no Brasil como o pior ano, seja no número de casos ou de óbitos. Muito provavelmente ultrapassaremos a marca de 1.000 mortes no país. Dengue mata: é a principal mensagem que se deve passar à população”, aponta ao R7 Alexandre Naime, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Tão crítico é o cenário que a SBI emitiu, no mês passado, um alerta nacional devido aos altos números de mortes e casos – também próximos do recorde brasileiro.
“Que tenhamos urgência para a adoção medidas preventivas contra a dengue para alterar esse quadro preocupante para a saúde pública e que sejam ações efetivas a longo prazo, escreve o órgão.
Segundo Alexandre Naime, parte considerável desse aumento nos casos e mortes se deve à falta de medidas de prevenção em âmbitos federal, estaduais e municipais.
Vírus deve avançar sobre a região Nordeste
Entre as regiões que podem ser mais afetadas nos próximos anos, os especialistas ouvidos pela reportagem citam o litoral brasileiro, de modo geral, o Centro-Oeste, o Norte e, principalmente, o Nordeste.
Isso se deve ao aspecto cíclico da doença, já que a região não sofreu epidemias mais intensas recentemente – este ano, foi a quarta região menos atingida entre as cinco – e há uma nova variante em circulação, que ainda não atingiu os estados nordestinos.
“Devemos ter um número de casos maior porque faz muito tempo que não temos epidemia significativas dessa região. E as epidemias de dengue ocorrem em ciclos, mas nós temos que entender que o Brasil é muito grande para que os ciclos sempre se sincronizem”, lembra Maurício Nogueira, ex-presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia).
É impossível, porém, prever com exatidão onde o vírus terá maior incidência. “Não há bola de cristal para isso”, comenta o virologista.