Em quatro décadas, Piauí perdeu dois milhões de hectares de floresta natural

O cerrado que perdeu em todo o país 27% da sua composição original.

23/10/2023 - 10:15

Um levantamento da rede MapBiomas constatou que nos últimos 38 anos o Piauí perdeu 2,3 milhões de hectares de suas florestas naturais. Os dados apontam que o estado teve desmatado 9% de todo o seu território florestal, em 1985, 83% do território piauiense era coberto por florestas naturais, já em 2022, ano do estudo, esse número caiu para 74%. O principal fator de devastação foi a apropriação da agropecuária e o bioma mais destruído neste período foi o cerrado que perdeu em todo o país 27% da sua composição original.

A destruição da floresta natural corresponderia a mais de dois milhões de gramados com o mesmo tamanho do Albertão. Segundo o estudo publicado, o Piauí foi o terceiro estado do Nordeste que mais devastou suas florestas naturais. Em primeiro lugar vem o vizinho Maranhão que reduziu 7,08 milhões de hectares de floresta, em segundo vem a Bahia que devastou 4,65 milhões de hectares. Os estados da região que menos tiveram redução das florestas naturais foram Sergipe, Alagoas e Paraíba.

Transformação atinge cerrado e caatinga no Piauí

De acordo com os dados o desmatamento do Cerrado nos estados da Bahia e do Piauí aumentou 88% em janeiro de 2023 em relação ao mesmo período em 2022, segundo dados do SAD Cerrado (Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado). No Piauí, o bioma teve 9,5 mil hectares desmatados, um aumento de 120% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 4,3 mil hectares foram derrubados. Já na Bahia, o aumento foi de 64%, totalizando 9,3 mil hectares desmatados contra 5,6 mil hectares no ano anterior.

O crescimento nos estados vem na contramão da tendência observada no resto do bioma. No total, o Cerrado teve 46,5 mil ha desmatados em janeiro de 2023, uma redução de 16% sobre os 55,3 mil ha desmatados no mesmo mês em 2022. E uma redução de 24% em relação a janeiro de 2021, quando 60,9 mil ha foram derrubados.

Para a pesquisadora da equipe do Cerrado no MapBiomas, Barbara Costa, o ritmo acelerado de desmatamento é alarmante.

“Em biomas como no Cerrado e na Caatinga, que já perderam parte significativa de sua vegetação nativa, o ritmo do desmatamento das savanas é alarmante, principalmente na região do Matopiba, que ainda apresenta grandes remanescentes deste ecossistema, mas que estão sendo convertidos para a expansão da agropecuária”, finalizou.

Fonte: O DIA