Relatório do TCE aponta 86% de ausência de gêneros alimentícios básicos em escolas do PI em 2023
Entre março e dezembro de 2023, foram analisadas 149 escolas em 75 municípios.
20/06/2024 - 09:32
Foto:PIXABAY
Um levantamento feito pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), por meio da Diretoria de Fiscalização de Gestão de Contas Públicas (DFContas), revelou falhas no fornecimento de alimentação escolar em 86% das escolas municipais e estaduais do Piauí.
Entre março e dezembro de 2023, foram analisadas 149 escolas em 75 municípios, constatando que 86% das instituições não disponibilizavam gêneros alimentícios básicos em seus cardápios.
Dessas 149 escolas, 109 são escolas municipais e 40 escolas estaduais, sendo 55 escolas rurais (38,64%) e 94 escolas urbanas (61,36%).
A pesquisa apontou que a maioria das escolas não cumpre os requisitos mínimos de qualidade na alimentação oferecida aos alunos:
86% das escolas não têm gêneros alimentícios básicos em seus cardápios.
65% não oferecem legumes e verduras in natura, no mínimo, três dias por semana, e frutas in natura, no mínimo, dois dias por semana.
54% incluem alimentos ou bebidas ultraprocessados.
52% não possuem cardápios diferenciados por faixa etária.
39% apresentaram incompatibilidade entre a alimentação fornecida e o cardápio do dia da inspeção.
A Resolução do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) nº 06/2020 prevê que os cardápios da alimentação escolar devem ser elaborados tendo como base a utilização de alimentos in natura ou minimamente processados, de modo a respeitar as necessidades nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura alimentar da localidade e pautar-se na sustentabilidade, sazonalidade e diversificação agrícola da região e na promoção da alimentação adequada e saudável.
Quanto ao controle aplicado no processo de alimentação escolar a análise identificou-se que:
84% das escolas não realizam controle de saúde e higiene dos manipuladores de alimentos.
83% dos resíduos não são coletados adequadamente.
67% das escolas não registram a entrada e saída dos gêneros alimentícios.
65% não têm controle químico de vetores e pragas urbanas.
Infraestrutura precarizada
A amostra fiscalizada identificou irregularidades na infraestrutura, em especial dos locais de armazenamento, preparação e de consumo dos alimentos.
95% não possuem telas de proteção em portas e janelas.
94% não registram a higienização dos reservatórios de água.
80% dos locais de armazenamento têm infiltrações, rachaduras ou bolores.
73% não possuem refeitórios adequados
A falta de nutricionistas e a falta de orientação adequada aos manipuladores de alimentos também foram aspectos analisados. De acordo com o relatório, 80% dos municípios têm insuficiência de nutricionistas e 89% das escolas não exibem cartazes de orientação sobre higienização conforme diretrizes da ANVISA.