Norte do Piauí entra no radar da produção de grãos
Piracuruca forte na pecuária
12/07/2025 - 11:04
A vocação agrícola do Piauí, antes concentrada majoritariamente no sul do estado, começa a ganhar força também no norte. Conhecida historicamente pela pecuária, essa região agora desponta como nova fronteira para a produção de grãos, especialmente soja e milho. O movimento reflete uma mudança de perfil na economia rural norte-piauiense.
Segundo dados da Pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, municípios que até poucos anos atrás tinham presença discreta no cultivo de grãos começam a se consolidar como produtores relevantes. É o caso de Piracuruca, que cultiva soja de forma contínua desde 2020 e colheu 3.098 toneladas em 2023. Cocal, por sua vez, deu um salto expressivo: passou de apenas 156 toneladas em 2021 para 2.755 em 2023. Já Boa Hora, que chegou a iniciar forte com 3.600 toneladas em 2020, viu a produção recuar para 1.440 toneladas no ano passado.
Na cultura do milho, o cenário é ainda mais sólido. Cocal lidera com 3.709 toneladas colhidas em 2023, seguido por Piracuruca (3.621 t) e Buriti dos Lopes (1.340 t). Municípios como Barras e Capitão de Campos também registraram produções estáveis, com 1.664 t e 904 t, respectivamente.
Para Bruno Sérvio, diretor de Infraestrutura da Secretaria de Estado do Agronegócio e Empreendedorismo Rural (Seagro), o Norte do Piauí começa a repetir a trajetória de expansão agrícola vivida pelo Sul nas últimas décadas — região que se tornou referência nacional na produção de grãos em larga escala.
Segundo ele, o uso de tecnologia tem sido fundamental nesse processo. A biotecnologia aplicada ao melhoramento genético das sementes, o desenvolvimento de fertilizantes mais eficientes e a mecanização das lavouras são algumas das inovações que permitem o avanço da agricultura em solos e climas diferentes.
“A agricultura moderna exige mecanização completa. Para isso, o terreno precisa ser plano — e o Cerrado facilita por oferecer chapadas. A boa notícia é que o norte do estado também tem essas áreas. São características diferentes do sul, mas a tecnologia tem permitido tornar essas terras igualmente produtivas”, explica.
Enquanto a pecuária da região é marcada pela atuação de pequenos produtores, a produção de grãos tem seguido o modelo de média e grande escala. Esse formato atrai mais investimentos e pode gerar impactos significativos na geração de emprego e renda, além de impulsionar o desenvolvimento regional.“Nos próximos anos, acreditamos que o Norte vai alcançar um nível de desenvolvimento agrícola semelhante ao do sul. Nossa meta é integrar essas duas regiões: levar o conhecimento técnico do sul para o norte e fomentar esse intercâmbio entre os produtores”, projeta Bruno Sérvio.
Produtor de Piracuruca vê investimento em grãos como um caminho natural
Foto: divulgação
O produtor rural Marcelo Magalhães, de Piracuruca, é um dos que já investem no cultivo de grãos na região. Além de produtor, ele também é o atual prefeito da cidade e vê o avanço da agricultura como um caminho natural, dado o potencial da terra e a necessidade de diversificação econômica.
“Acredito no potencial produtivo da nossa terra. Investir em milho e soja foi uma escolha que complementa a pecuária, valorizando a vocação agrícola local e fortalecendo a base econômica do campo”, comenta.